terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Bens de Portugal

Aproveito para partilhar convosco um texto assaz interessante do embaixador inglês em Lisboa, Mr. Alexander Ellis, publicado este mês no Expresso.


"Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.

1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.

2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.

3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.

6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.

8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.

9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.

10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.

Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal."

por Alexander Elis, Dezembro 2010,
in Expresso
(http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/622061)


Portugal é de facto um país maravilhoso!
Aproveitemo.lo.

Nuno Gaudêncio

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

É algo ridículo quando:

O Governo decreta Tolerância de Ponto para uma cidade devido a uma Cimeira da NATO e a própria cidade, através do seu município renuncia a essa tolerância.

Se tem um défice brutal que justificou aumentar brutalmente os impostos, quando todos os dias se discute sobre a capacidade de Portugal conseguir assegurar os seus financiamentos e ao mesmo tempo se avança com um projecto de investimento megalómano de transporte ferroviário e respectiva ponte anexa.

Ou é impressão minha ou andam a brincar às finanças...
É algo ridículo quando aconselho a compra de dívida portuguesa, os juros altos estão para durar.

Nuno Gaudêncio

sexta-feira, 12 de março de 2010

Romper com o passado

Há vida para além do Plano de Estabilidade e Crescimento. Este, mesmo que fosse ambicioso, não chegava para resolver os problemas do País. Vai haver agitação social: os sindicatos mostraram, com mais esta greve da Função Publica, não terem qualquer interesse no futuro de Portugal.

Habituados a defender os "direitos adquiridos" das suas clientelas, não querem fazer outra coisa. Só sabem gritar por mais dinheiro e menos trabalho. Até agora, todo o ajustamento tem sido feito no sector privado: não há notícia de um desempregado do sector público. Podiam ter tido vergonha e não ter feito a greve, porque infelizmente no sector privado o desemprego continua a crescer e os salários em atraso a aumentar. O assunto não lhes interessa.

Mas devia interessar: é o sector privado, e aqui, sobretudo, são as gerações mais novas quem sustenta os "direitos adquiridos" tão queridos aos sindicatos. Só que esses "direitos adquiridos" são insustentáveis. Portugal precisa das reformas estruturais. Sem elas, não há PEC que nos valha. Todos nós, portugueses, precisamos de nos unir: Governo, sindicatos, empresários, professores, estudantes, trabalhadores precisam de sentar-se a uma mesa e desenhar um plano. Um plano que nos ofereça um futuro melhor cá, em vez de levar os nossos jovens mais qualificados a emigrar - 30 mil por ano, em média, abandonam Portugal.
Ora, se esta tendência se mantiver, todo o estado social ficará em causa. É urgente que isso se perceba. É bem melhor uma sociedade mais meritocrática, mais exigente, mais liberal e mais competitiva do que a morte lenta a que parecemos condenados. Sem crescimento económico não há estado social.

Ficar e lutar significa conseguir um amplo consenso da sociedade portuguesa no sentido de fazer verdadeiras reformas: da lei das rendas; das leis laborais; da justiça; da saúde; da educação... Significa menor estado e melhor estado. Vai doer. Vai. Mas vai ser muito pior se nada fizermos. É altura de romper com o passado: conservar o que é bom e sustentável e mudar o que tem de ser mudado.

João Caiado Guerreiro, advogado.



Nota: este texto foi publicado no Jornal Oje do dia 10 de Março sob a coluna de opinião: "Causa Justa". O João Caiado Guerreiro, a quem expressamos novamente o nosso agradecimento, acedeu amavelmente ao nosso convite para nos ceder o mesmo à publicação em 1PortugalMelhor.

Nuno Gaudêncio

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O direito de fazer

É de saudar a candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República!
Fernando Nobre é português e reúne todas as características que lhe permitem, segundo a Constituição, candidatar-se.

Fernando Nobre é pois um português livre e auto determinado que exerce um seu direito.
Todos nós, sem excepção, defendemos o livre exercício dos nossos direitos.

É de lamentar as vozes que se levantam contra esta candidatura.
Todas as candidaturas são bem vindas. Aliás, quantas mais melhor. Quanto maior o número de vozes activas a mostrarem ideias e vontade de liderar Portugal mais hipóteses temos de escolher a pessoa mais qualificada para o fazer!

Um Portugal melhor tem de passar pelo envolvimento e compromisso dos portugueses. E quantos mais de nós nos envolvermos e participarmos na busca de soluções e na construção de propostas, mais garantias teremos de que iremos encontrar o futuro que desejamos para Portugal!

Mais do que falar, importa fazer!


Nuno Gaudêncio

sábado, 16 de janeiro de 2010

Nós e os outros

O investimento mais reprodutivo que podemos fazer em qualquer tempo e lugar é inspirar os outros.

As nossas acções, a nossa atitude, as nossas palavras e tudo o que comunicamos podem trazer inspiração aos que nos rodeiam ou cruzam connosco nas nossas vidas.

Colocando o peso da nossa motivação na alavanca do nosso esforço conseguimos sucesso nos projectos onde nos envolvemos. A forma como fazemos esse esforço, e o conjunto de valores que assumimos e representamos nesse processo, são de grande relevância: tornam-se referenciais de orientação, modelos de conduta.

Sempre que actuamos com objectivos distintos, e agimos segundo valores saudáveis procurando o desenvolvimento, a realização pessoal e a empatia com os outros, construímos algo de positivo.

Quando vivemos livres, com optimismo e abertos aos desafios, quando empreendemos o nosso caminho com coragem e integridade, arriscando por vezes algum bem-estar, abraçamos o êxito imediato.

E quando passamos algum desse entusiasmo aos outros, nas vezes que conseguimos ser exemplo a seguir, inspiramos comportamentos, incutimos energia, melhoramos o mundo em que vivemos.

A coisa mais nobre que podemos fazer nas nossas vidas é inspirar os outros!

Nuno Gaudêncio


Um esplêndido 2010!
A todos um Ano Novo Melhor! : )

domingo, 10 de janeiro de 2010

Portugal pacífico

Estando no início de um ano novo, gostaria de aproveitar o convite do Nuno a escrever um artigo neste blogue para aportar algo optimista à nossa discussão sobre 1 Portugal melhor.
















Desde “a minha perspectiva da Portugalidade”*, diria que os Portugueses dedicam muito tempo a discutir os próprios feitios e carências e, embora acredite que isto possa ser um ponto de partida para construir um futuro melhor, parece-me que às vezes é mais proveitoso focar-se nos sucessos e avanços já conseguidos, e a partir daí fomentar o movimento de mudança até um país mais justo e sustentável (ideia que, pelos vistos, partilho com o Micael, autor do artigo anterior).

Como ilustração, vale destacar, por exemplo, que desde há muitos anos, Portugal encontra-se entre os países com o maior nível de segurança no mundo – factor que eu mesma considero uma das grandes vantagens de se viver nas terras lusas, em comparação com muitos outros países latinos.

Portugal tem tido a sorte – e também a sabedoria – de não ser envolvido em muitas guerras nem grandes conflitos sociais (até a Revolução dos Cravos foi, no fundo, bastante pacífica), nunca conheceu grandes níveis de criminalidade e tem sido um exemplo na integração de imigrantes de várias origens e culturas.

De acordo com os relatórios da Economist Intelligence Unit, entidade autora do Índice Global da Paz (Global Peace Index**), Portugal é um dos líderes mundiais no que respeita o nível da “pacificidade”, medida através de 24 critérios. Nos anos 2007-2008, Portugal foi colocado, respectivamente, no 9º e 7º lugar entre 140 países, e no ano 2009 ocupou o 14º lugar (parcialmente devido à modificação da metodologia de calcular o índice) – contudo, um feito notável, dado que Portugal chegou a ultrapassar muitos países europeus, inclusive tais como a Suiça, tão famosa pela sua segurança e estabilidade política.

Para concluir, acho que de agora em diante, até se poderia acunhar a expressão “pacífico como um Português” :) O que me parece um muito bom começo de um futuro melhor no país em que vivemos.

Izabela Kasperkiewicz


* gostei mesmo da expressão, Nuno! ;)
** veja-se a classificação oficial no site: http://www.visionofhumanity.org/gpi/results/rankings/2009/

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Repetir os bons exemplos!

Portugal pode mudar para melhor? A meu ver SIM, e temos provas dadas do nosso sucesso.

É possível mudar mentalidades e comportamentos em Portugal! É possível, com perseverança e vontade firme, evoluir para algo melhor. Para isso é preciso vontade política, da própria sociedade, e mesmo de algumas individualidades que se afirmem enquanto activistas por causas e valores extra pessoais.

Para os mais pessimistas, aqueles que não hesitam em afirmar que Portugal é um país ermo, sem hipótese de avançar a par dos mais evoluídos e se tornar um melhor local para se viver, pelo menos ao mesmo ritmo, lanço um exemplo de sucesso nacional, uma atitude e vontade que mudou o país para melhor. Falo do processo de consciencialização ambiental, que incidindo mais sobre os mais novos, teve como resultado uma sociedade que hoje, nos seus lares, apesar de alguns custos e trabalho extra, faz a separação dos resíduos domésticos, facilitando em muito o processo de reciclagem a jusante.
Hoje os nossos jovens, imbuídos do espírito e valores de defesa e preservação do ambiente, são acérrimos defensores da separação dos resíduos e consequente reciclagem.

Do meu ponto de vista, se foi possível mudar mentalidades, de modo a resolver um problema, tendo em vista uma causa nobre e maior como a sustentabilidade do nosso planeta, porque não aplicar estes mesmos princípios à rectidão, justiça e igualdade social? Porque não usar este exemplo de sucesso nacional, aplicando-o ao combate à corrupção através da difusão dos valores da honestidade? Não seria uma óptima estratégia conseguir que os mais jovens se identificassem com o slogan da anti-corrupção!?

Penso que a difusão do conceito de corrupção como algo pernicioso será possível se houver vontade dos políticos, dos agentes oficiais e não oficiais de formação e educação, de associações, instituições e até de cidadãos em nome individual. Pelo envolvimento de todos eles será possível disseminar os valores da honestidade e rectidão, criando programas, acções e campanhas de esclarecimento que informem toda a sociedade, especialmente os mais novos, pois é deles o futuro, sobre os malefícios de viver e fazer parte de uma sociedade tendencialmente corrupta.
Vamos combater a corrupção, com tenacidade, perseverança e espírito crítico, ungidos, mais que tudo, do espírito democrático!

Micael Sousa
(Engenheiro Civil e Militante do Partido Socialista e Juventude Socialista

blogs do Micael:
www.abuscapelasabedoria.blogspot.com
www.redundanciasdaactualidade.blogspot.com )